“Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. ” (Mt 9:36)
Amados irmãos, como vimos nos domingos anteriores, sempre o povo de Deus tem passado por desafios à Fé e nem sempre encontramos dentro do povo de Deus pessoas dispostas a defender a verdade divina. Mas, diante deste quadro degradante no qual a neutralidade não é opção válida, como temos que agir? O que Deus espera de seus filhos em tempos nos quais Seu Evangelho tem sido corrompido?
À luz das Escrituras, irmãos, cremos que a igreja deve ter olhos para perceber a condição na qual o cristianismo se encontra hoje. Ou seja, é preciso exercitar o senso crítico sem o medo de perdermos a fé ou o encanto pela igreja. E isto implica assumirmos a mesma postura de Natã, que não fez vistas grossas ao adultério de Davi (2 Sm 12); o mesmo comportamento de Elias que percebeu a idolatria do Rei Acabe (1Rs. 18), a mesma postura de Paulo que discerniu a idolatria na cidade de Éfeso (At 17:16) e de Jesus que viu a aflição e a exaustão dasmultidões que seguiam-no (Mt 9:36). De fato, sem a percepção sobre o caminho tortuoso que o cristianismo tem seguido nestas últimas décadas, como contribuir para o retorno ao Evangelho da Graça? Se os nossos olhos não estão embotados para a realidade então há esperança. Porém, se em tudo vemos a aprovação ou a indiferença de Deus, certamente que a ruína do Evangelho já chegou entre nós e somos participantes deste terrível pecado diante de Deus.
Em segundo lugar, não podemos ficar emocionalmente indiferentes diante desta situação. O Evangelho não é uma mera confirmação intelectual a respeito das doutrinas religiosas que se encontram na Bíblia. A verdadeira crença em Cristo, como único Salvador, toca as mais sublimes e profundas emoções do ser humano. Segundo as Escrituras, a fé coloca a pessoa em uma nova relação com Deus na qual ela passa a amá-lo de todo o coração de toda a sua alma e de toda a sua força e entendimento (Dt 6:5). E nesta alegria, por se estar em uma nova relação com Deus, os eleitos se condoem com aqueles que ainda não experimentaram a mesma graça libertadora. Eles entristecem-se como Jeremias que chorava diante da ruína do povo de Israel (Lm 2:11-14); da mesma forma que Neemias que chorou diante da desolação e destruição de Jerusalém (Ne 1:4), de igual modo como Paulo que, pela segunda vez, sofreu as dores do parto até ser Cristo formado entre os gálatas (Gl 4:19) e como Jesus que compadeceu-se das multidões aflitas e exaustas que viviam sob a dura e perversa religiosidade dos fariseus e escribas (Mt 9:36). Certamente, irmãos, sem amor, compaixão e misericórdia para com a nossa gente é impossível qualquer mudança no quadro religioso em nossa nação.
Em terceiro lugar, precisamos aprender das Escrituras. Batalhar pela Fé exige conhecimento profundo da Palavra de Deus. Por este conhecimento podemos não somente nos certificar se estamos ou não no caminho da salvação, como também podemos justificar a razão de nossa esperança em Cristo (1 Pe 3:15) e o fundamento de nossa Fé (At 17:11). Lembremos que foi pelas Escrituras que Jesus venceu Satanás em suas propostas astuciosas (Mt 4), recobrou o ânimo dos discípulos na estrada para Emaús (Lc 24:13) e Corrigiu não poucos erros doutrinários criados pelos fariseus e escribas (Mt 5-7). Ponderemos, irmãos, que foi pelas Escrituras que Paulo afirmou a justificação pela fé (Rm 4) e o escritor da Epístola aos Hebreus provou ser Jesus o messias prometido no Antigo Testamento. Sem o conhecimento das Escrituras a igreja perde a autoridade divina no confronto com o erro, pois a favor da verdade somente a Verdade pode ser matéria de argumentação.
Por fim, temos que confrontar o erro por amor a Deus e sua verdade. Não podemos ficar calados, pois, segundo as Escrituras, a omissão é pecado (Tg 4:17). E o modo mais eficaz de combatermos o erro é anunciado a verdade divina e confrontando aqueles que se opõe à sã doutrina e maculam o Evangelho da Graça. É verdade que, aqueles que se comprometem com esta missão não são bem aceitos por aqueles que estão dirigindo as relações de poder no campo religioso e por aqueles que estão alienados neste sistema de dominação. Como foi o caso de Elias que foi chamado de “perturbador de Israel” (1Re 18:16-18) por ter denunciado a idolatria do rei Acabe; dos apóstolos que foram acusados de estarem “transtornando o mundo” (At 17:6); de Paulo e seus companheiros que foram denunciados como sacrílegos (At 19:23...) e como foi o caso de Jesus que recebeu a acusação de ser blasfemo e possuidor do maioral dos demônios (Mt 12:2-24; Lc 5:20-26). Contudo, assim como disseram os apóstolos (“antes importa obedecer a Deus que aos homens” [At 5:29]) e assim como disse Jesus (“a minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.”[Jo 4:34]), nós, também, devemos abrir os nossos lábios e proclamarmos a verdade divina em meio aos erros de nossa geração.
Meus amados, que o Senhor nos conceda a graça de sermos contados entre aqueles que não negaram a Fé e que não se calaram diante dos erros de doutrina e prática comuns em nossa geração. Que Ele tenha misericórdia de sua igreja.
Só a Deus Glória!!!
Rev. Israel Serique
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