Para o louvor da glória de Deus.

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

VAMOS APRENDER: "O QUE É NATAL?"

O Verdadeiro Espírito do Natal


A antiga revista Manchete, há muitas décadas, costumava publicar traduções semanais das colunas do jornalista-humorista Art Buchwald. Alguns anos atrás uma destas colunas foi intitulada: “Deve-se permitir, às igrejas, abrirem no dia do Natal?” Nela o autor descrevia um evento fictício no qual “um grupo de cidadãos se organizou para protestar a maneira como certas igrejas estão tentando transformar o Natal em um feriado religioso!

O porta-voz do grupo, inventado, presta então as seguintes declarações ao Art Buchwald, na suposta entrevista: — "Bastante dinheiro, tempo e propaganda foram colocados na preparação do Natal, para deixarmos que uma pequena minoria estrague o evento usando este dia para ir à igreja. Não somos contra igrejas,” diz o personagem fictício, “mas somos terminantemente contra estas igrejas permanecerem abertas no dia dedicado ao nosso faturamento...”

Apesar da crônica estar carregada de humor, é triste verificarmos a aproximação da história narrada com a nossa realidade. O Natal tem sido distorcido e seu verdadeiro espírito esquecido. Suas bases e origens foram relegadas a um segundo plano.

Anos atrás a revista Time publicou um artigo mostrando a diferença de ênfases na celebração de Natal existente entre os dias atuais e a prática de algumas décadas passadas. Diz a revista que antigamente se pensava, nesta época, no relacionamento do homem para com Deus; enquanto que agora, pensa-se em termos do relacionamento do homem para com os outros homens. O ponto focal da história de Natal foi esquecido e este fato é refletido nas decorações e “slogans” natalinos da atualidade. Que melhor exemplo para isto do que os cartões que dizem apenas: “Boas Festas!”

Em Gálatas 4.4,5 nós lemos: “Mas vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para reunir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”. Este é o propósito real do Natal. As canções, a mercantilização e mesmo o sentimentalismo fora de Cristo, que são sinônimos desta estação, tendem a obscurecer o significado real deste dia.

O Natal é mais do que um tributo à infância ou às mães; é mais do que um curto espasmo de generosidade e de bondade; é mais do que um incentivo ao comércio e ao lucro; não é meramente uma ocasião para comidas e bebidas, festas e alegrias vazias. É possível nos envolvermos tanto com o papel, os invólucros, as fitas e os cordões, que chegamos a perder o presente real.

Deus, mandando o Seu Filho para redimir aqueles que estão sob a maldição do pecado—este é o verdadeiro milagre e o verdadeiro presente de Natal! Este é o verdadeiro espírito do Natal!

A Bíblia nos diz que o Natal é muito mais do que um congraçamento entre os “homens de boa vontade”, pois é, na realidade, “boa vontade para com os homens”, da parte de Deus. A celebração sem substância do Natal nulifica o seu verdadeiro espírito. Freqüentemente entoamos o hino natalino, “Cantai que o Salvador chegou!” Se esta canção está em nossos corações, a falta de esperança se transformará em alegria e o vazio será preenchido com vida. Não fará muita diferença se estivermos numa multidão ou sozinhos. A alegria do Senhor e as vozes dos seus anjos ressoarão em nossos corações. Isto é o que é o Natal.

Solano Portela.

"NATAL" - CELEBRAR OU NÃO?

Calvino Contra o Natal?

Cristãos Contra o Natal!

Como bem observou o Augustus, em seu último post, o impossível está acontecendo: temos um movimento crescente de “Cristãos Contra o Natal”! A chamada “festa máxima da cristandade” está sob ataque cerrado de vários flancos e desta vez a luta é interna! Multiplicam-se os textos e os posicionamentos não apenas contra as características eminentemente comerciais do feriado (esse viés sempre foi um legítimo campo de batalha dos cristãos), mas somos alertados que o Natal não é nada mais do que um feriado pagão assimilado pela igreja medieval, e que persiste no campo evangélico apenas por desconhecimento do seu histórico. Essa origem, além da exploração comercial, inviabilizaria a sua observância religiosa pelos cristãos sendo fútil a tentativa de se resgatar o conceito abrigado no desgastado chavão do “verdadeiro sentido do Natal” (postei algo sobre isso em 20 de dezembro de 2005).

A literatura já nos brindou com alguns exemplos de personagens que não gostavam do Natal. Temos Charles Dickens, no livro Um Conto de Natal (teria sido melhor traduzido como “Um Cântico de Natal”),[1] trazendo a história de Ebenezer Scrooge, durante um período de festividades natalinas. Scrooge era um homem rico, não ligava para ninguém; desprezava as crianças pobres; era avarento e egoísta. Teve, entretanto, um sonho no qual empobrece, modificando sua atitude para com a data. A mensagem de Dickens é que a “essência” do Natal conseguiu derreter aquele coração endurecido. Outro personagem famoso é o Grinch – da pena do escritor Dr. Seuss, que publicava seus contos em rimas. Ele escreveu Como Grinch Roubou o Natal,[2] que virou, anos atrás, um filme com o ator Jim Carey. A história retrata Grinch como uma criatura mal-humorada que tem o coração bem pequeno. Ele odeia o Natal – pois não consegue ver ninguém demonstrando felicidade – e planeja roubar todos os presentes e ornamentos para impedir a celebração do evento em uma aldeia perto de sua moradia. Para seu espanto, a celebração ocorre de qualquer maneira. A mensagem de Seuss é que a “essência” do Natal não estava nos presentes ou nos ornamentos – transcendia tudo isso.

Obviamente os “Cristãos Contra o Natal” não têm relação com qualquer desses personagens, ou com aquele outro, registrado nas páginas das Escrituras Sagradas, que também odiou o Natal – o Rei Herodes,[3] mas parece que está virando moda termos cristãos contra o Natal. Além das razões relacionadas com as origens e da distorção comercial já mencionada, temos cristãos que apresentam algumas razões teológicas firmadas em suas convicções do que seria ou não apropriado ao culto e celebrações na Igreja de Cristo.

Cristãos Reformados Contra o Natal!
No campo reformado, principalmente entre presbiterianos e batistas históricos, os argumentos contra o Natal são ampliados com uma veia histórica. Pretende-se provar que a verdadeira teologia da reforma e, principalmente, os reformadores e seus seguidores próximos, foram avessos à celebração do Natal. Argumenta-se que a celebração do Natal fere o “princípio regulador do culto”, defendido pela ala reformada da igreja. Conseqüentemente, se desejamos ser seguidores da reforma, teríamos que, coerentemente, rejeitar a celebração desta data. Nessa linha de entendimento, muitos artigos têm sido escritos[4] presumindo uma linha uniforme de pensamento nos teólogos reformados e correntes denominacionais reformadas no que diz respeito à rejeição da comemoração do Natal. Normalmente, também, o raciocínio se estende a outras datas celebradas no seio da cristandade, tais como a páscoa, que seriam igualmente condenáveis no calendário cristão. Por vezes, a defesa apaixonada deste ponto de vista tem resultado em dissensões e desarmonia no seio da igreja, ou de demonstração de um espírito de superioridade espiritual e auto-justiça, com críticas mordazes e ferinas aos que não se convenceram do embasamento teológico, histórico ou bíblico para a rejeição.

Deixando de lado a questão das origens – se elas têm a força de determinar a correção de uma observância religiosa – o que seria um ensaio à parte, será que a opinião dos reformadores foi sempre uniforme com relação à celebração do Natal e de outras datas importantes ao cristianismo? Será que houve sempre tanta harmonia assim, nas denominações reformadas, com relação à rejeição da comemoração do Natal resultando nessa tradição monolítica? Será que Calvino, realmente, se posicionou contra o Natal? Será que procede o que me escreveu uma vez um irmão reformado, dizendo que a rejeição do Natal seria “coerente com a fé cristã bíblica e reformada, principalmente com a posição presbiteriana histórica, a partir de Calvino e Knox”?

Calvino Contra o Natal?
A primeira coisa que temos a observar é que essa hipotética concordância entre Calvino e Knox não existiu. Nem há uma visão monolítica, sobre a questão, no seio reformado histórico, como muitos pretendem transmitir. Aquele irmão, em sua carta, desafiava: “por favor cite uma fonte primaria de onde Calvino aprova o Natal ou recomenda o mesmo”.

Bom, se é isso que vai ajudar, vamos a ela: uma das fontes primárias é uma carta de Calvino ao pastor da cidade de Berna, Jean Haller, de 2 de janeiro de 1551 (Selected Works of John Calvin: Tracts and Letters, editadas por Jules Bonnet, traduzida para o inglês por David Constable; Grand Rapids: Baker Book House, 1983, 454 páginas; reprodução de Letters of John Calvin (Philadelphia: Presbyterian Board of Publication, 1858). Nela, Calvino escreveu: “Priusquam urbem unquam ingrederer, nullae prorsus erant feriae praeter diem Dominicum. Ex quo sum revocatus hoc temperamentum quae sivi, ut Christi natalis celebraretur”.

Para alguns, isso bastaria para resolver a questão, mas para o resto de nós – entre os quais me incluo, a versão ao vernáculo é necessária. Possivelmente, uma tradução razoável para o português, seria (agradecimentos ao Rev. Elias Medeiros): “Antes da minha chamada à cidade, eles não tinham nenhuma festa exceto no dia do Senhor. Desde então eu tenho procurado moderação afim de que o nascimento de Cristo seja celebrado”.

Uma outra carta, de março de 1555, para os Magistrados (Seigneurs) de Berna, que aderentemente eram contra a celebração do Natal, diz o seguinte: “Quanto ao restante, meus escritos testemunham os meus sentimentos nesses pontos, pois neles declaro que uma igreja não deve ser desprezada ou condenada porque observa mais festivais do que outras. A recente abolição de dias de festas resultou apenas no seguinte: não se passa um ano sem que haja algum tipo de briga e discussão; o povo estava dividido ao ponto de desembainharem as suas espadas” (mesma fonte). No contexto, Calvino parece indicar que os oficiais que haviam abolido a celebração tinham boas intenções de eliminar a idolatria (vamos nos lembrar da situação histórica), mas parece igualmente claro que ele indica que, se a definição estivesse em suas mãos teria agido de forma diferente.

Historicamente, Knox e a igreja a Igreja Escocesa seguiram a opinião dos oficiais de Genebra. Ou seja, em seu contexto histórico de se dissociar de tudo que era catolicismo, reforçou a abolição das festividades, nas igrejas. Mas não esqueçamos que ele também rejeitou instrumentos musicais, cânticos, e várias outras formas de adoração – os “Reformados Contra o Natal” estão dispostos a segui-lo em tudo, como parâmetro infalível?

Ocorre que Calvino é sempre apontado como uma força instigadora e radical, na gestão de Genebra. Na realidade, entretanto, ele agiu, em muitos casos (como no incidente de Serveto) como um pólo de moderação e encaminhamento, mas nem sempre sua opinião prevaleceu. O governo de Genebra era conciliar e fazia valer a visão da maioria. Por exemplo, o Rev. Hérmisten Maia Pereira da Costa aponta que a persuasão de Calvino era a de que a Santa Ceia devia ser celebrada semanalmente, enquanto que nas cidades de Berna e Genebra, no máximo era celebrada quatro vezes por ano. Calvino deu até o que poderíamos chamar de um “jeitinho reformado” ou de um “jogo de cintura” notável. Hérmisten cita: “Calvino procurou atenuar a severidade destes decretos fazendo arranjos para que as datas da comunhão variassem em cada igreja da cidade, provendo assim oportunidade para a comunhão mais freqüente do povo, que podia comungar em uma igreja vizinha” [William D. Maxwell, El Culto Cristiano: sua evolución y sus formas, p. 140-141] Costume este que se tornou comum na Escócia. [Cf. William D. Maxwell, El Culto Cristiano: sua evolución y sus formas, p. 141].

Hérmisten aponta também que em Genebra os magistrados determinaram que a Ceia fosse celebrada no Natal, na Páscoa, no Pentecostes e na Festa das Colheitas [Vd. John Calvin, “To the Seigneurs of Berne”, John Calvin Collection, [CD-ROM], (Albany, OR: Ages Software, 1998), nº 395, p. 163. Vd. também: William D. Maxwell, El Culto Cristiano: sua evolución y sus formas, p. 141]. A conclusão óbvia é a citada pelo Hérmisten: “As cinco festas da Igreja Reformada eram: Natal, Sexta-Feira Santa, Páscoa, Assunção e Pentecostes” (Cf. Charles W. Baird, A Liturgia Reformada: Ensaio histórico, p. 28)]. Podemos dizer que não havia, na essência da questão, celebração do Natal, em Genebra?

A suposta unidade monolítica e histórica dos reformados, sobre esta questão das celebrações de festividades do chamado “calendário cristão” é mais um mito do que verdade. Ousaríamos rotular o Sínodo de Dordrecht (Dordt) de “não reformado” – justamente de onde extraímos os Cinco Pontos do Calvinismo (em 1618)? Pois bem, em 1578, temos a seguinte decisão: “... considerando que outros dias festivos são observados pela autoridade do governo, como o Natal e o dia seguinte, o dia seguinte à Páscoa, e o dia seguinte ao de Pentecostes, e, em alguns lugares, o Dia de Ano Novo e o Dia da Ascensão, os ministros deverão empregar toda a diligência para prepararem sermões nos quais eles, especificamente, ensinarão a congregação as questões relacionadas com o nascimento e ressurreição de Cristo, o envio do Espírito Santo, e outros artigos de fé direcionados a impedir a ociosidade”. Assim, as igrejas reformadas procedentes do ramo holandês comemoram várias dessas datas até em dose dupla (incluindo o dia seguinte). Augustus mencionou não somente este trecho, mas adicionou a admissão dessa visão na Confissão de Fé de Westminster (Cap. 21) e na Confissão Helvética (XXIV). Não ve, igualmente, dano na celebração do Natal, um outro ícone reformado, Turretin (1623-1687)[5]. Ou seja, a rejeição do Natal, atualmente “ressuscitada”, não tem o respaldo histórico-teológico que pretende ter.

Obviamente todos esses referenciais históricos são importantes, mas o que firma a nossa convicção é a Palavra de Deus e nela aprendemos que a questão das origens não determina a propriedade, ou não, de uma coisa ou situação, mas sim a atitude de fé do utilizante. Isso pode ser extraído de um estudo de 1 Coríntios 8.1-13; ou examinando como os artefatos e itens preciosos, surrupiados pelos Israelitas dos Egípcios (imediatamente antes do Êxodo), muitos dos quais com certeza utilizados em cultos e festividades pagãs, foram utilizados em consagração total (e sem restrições) no Tabernáculo (Ex 35 a 39). Das Escrituras, podemos inferir, possivelmente, que Jesus participou de celebrações de festividades que não procediam das determinações explícitas da Lei Mosaica, mas que refletiam ocorrências históricas importantes na história do Povo de Deus – como as festas de Purim[6] e Hanucah[7] – deixando implícita a propriedade dessas celebrações, como algo que, provém “de fé”, não sendo, portanto, pecado. Romanos 14 e 15 trazem considerações sobre tais questões, demonstrando a necessidade da consciência pura, ao lado da preocupação com os irmãos na fé, para que procuremos “as coisas que servem para a paz e as que contribuem para a edificação mútua”. É lá igualmente que lemos (14.15): “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias; cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente”. Se Deus decidiu não disciplinar condenatoriamente a questão, não o façamos nós.

Sola Portela.

"NATAL"

É legítima a comemoração do Natal?

O Natal é uma festa cristã e não pagã. Há uma onda entre alguns cristãos, na atualidade, taxando aqueles que comemoram o Natal de serem infiéis e heterodoxos, dizendo que essa comemoração não é legítima nem cristã. Precisamos, a bem da verdade, pontuar algumas coisas:
1. A distorção do Natal. Ao longo dos anos o Natal tem sido desfigurado com algumas inovações estranhas às Escrituras. Vejamos: Primeiro, o Papai-Noel. O bojudo velhinho Papai-Noel, garoto propaganda do comércio guloso, tem sido o grande personagem do Natal secularizado, trazendo a ideia de que Natal é comércio e consumismo. Natal, porém, não é presente do homem para o homem, é presente de Deus para o homem. Natal não é a festa do consumismo; é a festa da graça. Natal não é festa terrena; é festa celestial. Natal é a festa da salvação. Segundo, os símbolos do Natal secularizado. Há muitos símbolos que foram sendo agregados ao Natal, que nada tem a ver com ele, como o presépio, a árvore natalina, as luzes, os trenós, a troca de presentes. Essa embalagem, embora, tão atraente, esconde em vez de revelar o verdadeiro Natal. Encantar-se com a embalagem e dispensar o conteúdo que ela pretende apresentar é um lamentável equívoco. Terceiro, os banquetes gastronômicos e a troca de presentes não expressam o sentido do Natal. Embora, nada haja de errado celebrarmos com a família e amigos, degustando as iguarias deliciosas provindas do próprio Deus e manifestarmos alegria e expressarmos amor na doação ou mesmo troca de presentes, esse não é o cerne do Natal. Longe de lançar luz sobre o seu sentido, cobre-o com um véu.
2. A proibição do Natal. Tão grave quando a distorção do Natal é a proibição da celebração do Natal. Na igreja primitiva a festa do ágape, realizada como prelúdio da santa ceia foi distorcida. A igreja não deixou de celebrar a ceia por causa dessa distorção. Ao contrário, aboliu a distorção e continuou com a ceia. Não podemos jogar a criança fora com a água da bacia. Não podemos considerar o Natal, o nascimento do Salvador, celebrado com entusiasmo tanto pelos anjos como pelos homens, uma festa pagã. Pagão são os acréscimos feitos pelos homens, não o Natal de Jesus. Não celebramos os acréscimos, celebramos Jesus! Não celebramos o Papai-Noel, celebramos o Filho de Deus. Não celebramos a árvore enfeitada, celebramos o Verbo que se fez carne. Não celebramos os banquetes gastronômicos, celebramos o banquete da graça. Não celebramos a troca de presentes, celebramos Jesus, a dádiva suprema de Deus.
3. A celebração do Natal. O Natal de Jesus Cristo foi celebrado com grande entusiasmo em Belém. O anjo de Deus apareceu aos pastores e disse-lhes: “Não temais, eis que vos trago boa nova de grande alegria, que será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Natal é a boa nova do nascimento de Jesus. É o cumprimento de um plano traçado na eternidade. É a consumação da mensagem dos profetas. É a realização da expectativa do povo de Deus. Natal é a encarnação do Verbo de Deus. É Deus vestindo pele humana. Natal é Deus se fazendo homem e o eterno entrando no tempo. Natal é Jesus sendo apresentado como o Salvador do mundo, o Messias prometido, o Senhor soberano do universo. Quando essa mensagem foi proclamada, os céus se cobriram de anjos, que cantaram: “Glórias a Deus nas maiores alturas e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc 2.14). O verdadeiro Natal traz glória a Deus no céu e paz na terra entre os homens. Natal é boa nova de grande alegria para todo o povo. O verdadeiro Natal foi celebrado com efusiva alegria no céu e na terra. Portanto, prossigamos em celebrar o nascimento do nosso glorioso Salvador!

Hernandes Dias Lopes.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

ESCOLA PRESBITERIANA DE MÚSICA DÓ-RÉ-MÍ.

No dia 10 de dezembro de 2011, a IPB em Nova Ipixuna - Pará, ofereceu a Deus, um culto de ação de graças, por mais um ano de trabalho e de bençãos alcançadas no decorrer de todo o ano. O pregador foi o Pr. Dorisvan Ferreira da IPB Nova Vida em Marabá-Pa. O texto da exposição bíblica foi Efésios Cap. 1 vs. 3-14 > 3) Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestial em Cristo,
4) assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
5) nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6) para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no amado, 7) no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, 8) que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência, 9) desvendando-nos o mistério da
sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo,
10) de fazer convergir nele, na dispensação da prenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; 11) nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, 12) afim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; 13) em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa;
14) o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.
Exposição:
O Olhar de Paulo: Nesse texto, Paulo está olhando para a eternidade contemplando a obra do Deus Eterno e diz que esse Deus deve ser bendito por tudo o que ele é e por tudo o que Ele, de eternidade a eternidade, fez a nosso favor. Essa carta é um dos escritos mais preciosos que temos do apóstolo Paulo. É conhecida como Epístola da prisão: No capítulo 3 versículo 1 ele mesmo se intitula de “prisioneiro de Cristo por amor aos gentios...”.
 

A fundação da Igreja: Foi Paulo quem fundou essa Igreja.

a.   A IDENTIDADE DO AUTOR (v.1): “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus”. Escrevendo aos Gálatas no capítulo 1.1, Paulo diz que ele é “apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai...”. 2 Coríntios 5.20: “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio.”
b.   A IDENTIDADE DA IGREJA (v.1): “aos santos que vivem em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus”. Há quatro palavras de identificação dos crentes para os quais Paulo este escrevendo: “santos, fiéis e vivem.”
c.    Paulo fala da obra da Trindade na redenção dos eleitos: olhe ai para esses versos de 3 a 14:
a.  Do verso 4 ao versículo 6 Paulo fala da obra do Pai. Paulo está olhando para a eternidade passada e fala da obra que Deus, Pai, realizou a nosso favor na eternidade. E ele termina com a frase para louvor da glória de sua graça”.
b.  Dos versos 7 a 12 ele mostra a obra do Filho. Ele pinta o quadro histórico da obra sacrificial que Cristo realizou por nós no chão do planeta terra. Não mais na eternidade, mas na história. E termina novamente com a frase: a fim de sermos para louvor da sua glória”.
c.  Finalmente, os versos 13 e 14 mostram a obra do Espírito Santo. Ele olha para a obra do Espírito Santo em nós e a consumação desta obra na eternidade futura. E ele conclui dizendo: “em louvor da sua glória.”
Cada estrofe dessas termina com essa repetição: “para o louvor da sua glória”. E em cada uma dessas estrofes Paulo está enfatizando a ação da Trindade em nossa redenção.
· Aplicação: o projeto da Redenção tem um ponto ômega de convergência: a glória do Deus Todo Poderoso. Tudo tem de convergir para a glória de Deus. A finalidade última da história cósmica é a Glória de Deus. Isso me lembra a primeira pergunta do Breve Catecismo de Westminster: Qual é o fim principal do Homem? R: Glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.


Vejamos:
I.    A OBRA DE DEUS PAI NA REDENÇÃO DOS ELEITOS (v.4-6):
Há duas coisas aqui que quero frisar:
a) A PRIMEIRA OBRA DE DEUS QUE PAULO APRESENTA É A PREDESTINAÇÃO OU A ELEIÇÃO (v.4-5):
1.  O AUTOR DA ELEIÇÃO É DEUS, O PAI:assim como nos escolheu, nele...”
Aplicação
1.  O processo de tornar-se um cristão implica uma decisão, que antes de ser nossa, é uma decisão de Deus.
2.  Aprendemos também que é Deus, em seu amor, quem procura os pecadores.
3.  Aprendemos também que a igreja consiste dos escolhidos de Deus.
2.  O FUNDAMENTO DA ELEIÇÃO É JESUS CRISTO (v.4):assim como nos escolheu, nele...”
Aplicação:
1.  A eleição não anula a obra de Cristo.
2.  A mediação de Cristo derrota definitivamente toda arrogância e auto-afirmação humana diante de Deus.

Aplicação: 3.  A ELEIÇÃO FOI FEITA NA ETERNIDADE (v.4): assim como nos escolheu, nele antes da fundação do mundo”.
1.  O Criador de todos os mundos, antes de criar todas as coisas, se importou conosco e nos predestinou para a salvação.
2.  Paulo está mostrando para a igreja em Éfeso que o povo de Deus foi eternamente contemplado por Ele.

4.  A FINALIDADE DA ELEIÇÃO (v.4): para sermos santos e irrepreensíveis perante ele”.
5.  A FONTE DA PREDESTINAÇÃO (v.4b e 5a): e em amor nos predestinou para ele”. A pergunta a ser feita aqui é: “o que levou o Criador dos céus e da terra a agir de maneira graciosa para com a raça humana caída e engolida pelo pecado?”

6.  A INCONDICIONALIDADE DA ELEIÇÃO (v.5): A eleição é incondicional. 
Aplicação:
1.  Paulo está nos ensinando aqui que Deus não nos escolheu porque previu que iríamos crê, ou porque viu algo de interessante em cada um de nós.

7.  O FIM ÚLTIMO E PRINCIPAL DA ELEIÇÃO É A GLÓRIA DE DEUS (v.6): “Para louvor da glória de sua graça”.

2.    EM SEGUNDO LUGAR, A SEGUNDA OBRA DO PAI QUE PAULO NOS MOSTRA É A ADOÇÃO DE FILHOS (v. 5):e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos”.
 

II.   EM SEGUNDO LUGAR, PAULO NOS APRESENTA A OBRA DO FILHO A NOSSO FAVOR (v.6b-12):
1.  A PRIMEIRA COISA QUE PAULO DIZ É QUE O FILHO NOS REDIMIU E PERDOOU NOSSOS PECADOS (v.7): “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça”.
b.   Primeiro, Paulo afirma que em Cristo temos a redenção.
c.    Em segundo lugar, Paulo fala que em Cristo temos a Remissão dos pecados (v.7):
d.   Terceiro lugar, Paulo diz que a redenção e a remissão só foram possíveis por causa da riqueza da graça de Deus manifestadas no sacrifício expiatório de Cristo na Cruz (v.7):

2. SEGUNDO LUGAR, EM CRISTO, DEUS NOS REVELOU O PLANO MISTERIOSO DO COSMOS E DE TODA A HISTÓRIA HUMANA (VV. 9-10):
a.   Primeiramente, Paulo afirma aqui que, Deus tem um plano eterno:
b.   Segundo lugar Paulo afirma que Deus, não apenas tem um plano eterno guardado em silêncio, mas que Ele fez esse segredo conhecido:
c.    Terceiro lugar, Paulo mostra o que esse mistério tem a ver com a história do universo (v.10):
Aplicação:
a)  Aprendemos com isso que O grande propósito da obra da redenção é reconduzir todas as coisas para debaixo da autoridade de Cristo.
b)  Aprendemos também que é só por meio de Jesus Cristo que o homem entende o rumo da vida e da história.
III. Aprendemos também que, Para os cristãos, a morte de Cristo na Cruz é o acontecimento mais importante da história das gerações humanas.

IV.TERCEIRO LUGAR, PAULO DIZ QUE EM CRISTO FOMOS FEITOS HERDEIROS DE DEUS (11-12): “nele, digo, no qual fomos também feitos herança...”

V.  PAULO ENCERRA ESSA SEGUNDA PARTE MOSTRANDO O FIM ÚLTIMO E PRINCIPAL DA OBRA DE CRISTO (v.12): “a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo”.

VI.FINALMENTE, VEJAMOS A OBRA DO ESPÍRITO SANTO A NOSSO FAVOR (vv. 13-14):
a) Primeiramente, ele faz um breve resumo de como se dá o processo de salvação.
No que diz respeito a obra do Espírito Santo, há duas coisas que Paulo mostra aqui:
1.  Primeiramente, Paulo diz que, quando cremos fomos selados: fostes selados com o Santo Espírito da promessa”. 

2.    EM SEGUNDO LUGAR, PAULO DIZ QUE O ESPÍRITO NOS FOI DADO COMO PENHOR DA NOSSA HERANÇA (v. 14):

A palavra “penhor” era um termo usado no vocabulário comercial. O termo arrabōn era a primeira parcela de um pagamento.
a)  Mas, ele também fala do tempo, ou até quando o Espírito atuará como essa garantia:até ao resgate da sua propriedade...”
b)  Finalmente, Paulo termina falando da finalidade última de todas as coisas: “Em louvor da sua glória.”
 
CONCLUSÃO
Pr. Dorisvan Ferreira.
Quero concluir citando o Catecismo de Heidelberg, pergunta 1: Qual é o seu único conforto tanto na vida como na morte?
R: “meu único conforto tanto na vida como na morte é que eu, como corpo e alma, tanto na vida como na morte não pertenço a mim mesmo, mas pertenço a meu Fiel Salvador Jesus Cristo, que com seu precioso sangue fez plena satisfação por todos os meus pecados e me livrou de todo o poder do diabo. Me guarda de tal maneira que, sem a vontade de meu Pai celestial, nem um só cabelo pode cair da minha cabeça; sim, que todas as coisas sejam subservientes à minha salvação. Por isso também, através de seu Espírito, me assegura da vida eterna e me prontifica e me faz querer sinceramente viver para Ele.”

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Ev. Gilson Ferreira
Agradecemos a Deus, por ter Ele, sustentado todos os colaboradores que manteram financeiramente esta escola durante o ano de 2011, todas essas ações foram para o louvor da glória de Deus.

"DEUS SEJA LOUVADO".



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

II - ENCONTRO DAS FORÇAS DE INTEGRAÇÃO DO SÍNODO CARAJÁS.

A LIDRANÇA NACIONAL DAS SOCIEDADES INTERNAS:
> O secretário geral do trabalho masculino (Haroudo Penyau),
> O Presidente da CNHP (Paulo Daflon) e
> O Vice-Presidente da CNHP região Norte (Ely Pascoal)
Estarão presentes no II - ENCONTRO DAS FORÇAS DE INTEGRAÇÃO DO SÍNODO CARAJÁS, e convoca todos os homens presbiterianos do Presbitério Leste da Transamazônica a se fazerem presentes neste evendo.
                    EM XINGUARA - PARÁ
Todas as UPHs do PLTA estão convocadas a comparecer neste II Encontro, pois trataremos de assuntos relacionados às sociedades internas das igrejas locais. Certamente os pastores estarão incentivando as suas sociedades internas a se fazerem presentes neste evento. Evento este, que faz parte do calendário do Presbitério Leste da Transamazônica (PLTA).

Ev. Gilson Ferreira.
Pres. Federação de UPHs do PLTA


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

ESTUDO CONDUZIDO PELA CFW.

DA LEI DE DEUS
Capítulo XIX
O Pacto de Obras
XIX.1- Deus deu a Adão uma lei como um pacto de obras. Por este pacto, Deus
o obrigou, bem como toda sua posteridade, a uma obediência pessoal, inteira, exata e
perpétua; promete-lhe a vida sob a condição dele cumprir a lei e o ameaçou com a
morte no caso dele violá-la; e dotou-o com o poder e capacidade de guardá-la. Ref.:
Gl 3.12; Os 6. 7; Gn 2. 16,17; Rm 5. 12-14; Lc 10. 25-28; Gn 1. 26; Dt 30. 19;
Jo 7. 17; Ap. 22. 17; Tg 1. 14; Tg 1. 25; Tg 2. 8,10; Rm 3. 19; Dt 5. 32; Dt 10. 4; Ex
34. 1.
Síntese
O Pacto de Obras serviu para demonstrar que o homem é incapaz de manter
fidelidade absoluta a Deus, embora tivesse recebido capacidade e poder para sustentá-la.
O Pacto de Obras foi feito com a humanidade representada e corporificada em
Adão e Eva, o casal original, base de todas as etnias.
A fragilidade humana
Deus deixou a preservação da vida eterna, dada no ato da criação, sob a
responsabilidade do próprio homem. Para mantê-la, bastava a obediência a um
mandamento simples e direto: não comer o fruto da árvore, que Deus reservou para ser
exclusivamente sua. Todas as demais foram liberadas ao uso do primeiro homem ( Gn
2. 16,17 ), criado com altíssimo grau de inteligência, percepção e racionalidade, pois o
Criador o fez adulto, à sua imagem e semelhança ( Gn 1. 26,27 ). Diante do Criador a
“sua semelhança” não poderia alegar ignorância ou inocência. Assim, conscientemente,
desobedeceu, quebrando o termo pactual, o mandamento divino. A quebra da lei de
Deus enquadrou o infrator na pena cominada: No dia em que dela comeres, certamente
morrerás ( Gn 2. 17 ). A morte foi-lhe aplicada duplamente: a física e a espiritual. Pela
primeira, o espírito sofreu o castigo de separar-se do corpo, sua honrosa habitação e
meio de contato com o mundo natural sensível. Pela segunda, o espírito do homem
separou do Espírito de Deus de onde recebia a vida eterna. O resultado, pois, da ab-rogação
da ordenança divina foi a queda do casal original, expulso do Jardim do Éden,
onde vivia e convivia com seu Pai celeste e Rei supremo. O pecado, consequência da
desobediência, depravou totalmente o par original, alienando-o da fonte criadora: foi a
morte espiritual imediata, vindo, posteriormente, a física, quando se deu a
desencarnação do espírito: castigo duplo.
O primeiro pacto, estabelecido sob base legal, não preconizava a salvação, pois
Adão e Eva estavam salvos, sem pecado, mas a preservação do servo mordomo nos
domínios e proteção de seu Senhor. Rompido o pacto por infidelidade do ser humano, as
relações entre criatura e Criador foram cortadas. Adão recebeu de graça a vida eterna e
a perdeu por incapacidade de cumprir os termos pactuais da obediência, do respeito e da
submissão incondicionais. Em suma: a quebra da lei de Deus, cujos postulados
estabelecem o pacto entre Deus e o homem, é pecado. O primeiro homem era a base
genética e espiritual da humanidade. Caindo o tronco; caíram com ele todos os seus ramos. Toda a humanidade, no instante da desobediência, resumia-se e se corporificava
em Adão e Eva. Portanto, todos os pósteros desobedeceram, quebraram o pacto nos seus
ancestrais, herdando a semente da culpa, o pecado original. Notem bem, os
descendentes do primeiro casal não “herdaram a culpa;” “herdaram a semente da
culpa”, a tendência pecaminosa.
Adão, pessoa representativa
Adão e Eva, nossos genitores originais, não só representavam, mas de fato eram
a humanidade. Todos nós estávamos genética, moral, cultural e espiritualmente neles;
tudo de modo originalíssimo. O que eles foram, nós somos; pecamos com eles e neles.
Procediam e tomavam atitudes em nome e em lugar da posteridade. Um casal que
compra uma fazenda, seus descendentes, antes de virem à luz, já são herdeiros. Se, por
má administração, perde os bens patrimoniais, deserdam os filhos nascidos e por
nascerem. Nossos atos envolvem e comprometem nossos filhos. Adão, que agia por ele
e pelos seus pósteros, rompendo a relação com Deus pela ab-rogação do pacto de obras,
afetou todos os que estavam potencialmente nele, pois dele descenderam, jogando-os na
mesma situação em que se atirou. Toda a humanidade procedente caiu na antecedente.
A queda, pois, não foi, rigorosamente falando, de um homem isolado, mas da
humanidade nele sintetizada e consubstancializada. Como pecamos, originalmente, em
Adão, também em Cristo, o segundo Adão, fomos restaurados, pela reconciliação à
comunhão com Deus. O primeiro Adão foi cúmplice do pecado da raça; o Segundo,
responsável pela restauração de todos os eleitos do Pai.
A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal era o símbolo de provação, o
objeto proibido; não contendo, em si mesma, qualquer malignidade, contaminável ou
não. O pecado não residia potencialmente nela, mas no homem, em termos de
propensão ou tendência inconsciente. Também não se pode imaginar, no contexto da
cultura primitiva da humanidade, a existência do mal subjetivo, mentalizado e
ideológico. A mente do homem primevo ainda não estava preparada para o pensamento
abstrato, para conceitos filosóficos; atinha-se ao concreto, ao palpável, ao visível e ao
experienciável. Todos os conceitos emanavam do pragmático, do vivencial, do
perceptível pelos sentidos. O conhecimento, portanto, provinha do visível, do concreto,
do fenomenal observável ou realmente vivido. Desta maneira, o mal só passou a existir,
quando o homem experimentou os seus efeitos práticos em si mesmo ( vendo que estava
nu ) e na sua vida relacional com Deus ( sendo expulso do Éden ). “Conhecer”, para o
homem primitivo, era “experimentar”, e cada experimento incorporava-se ao seu
patrimônio pessoal de modo permanente. Assim, o homem somente “conhecia” a
mulher, quando tinha relações sexuais com ela, com resultados e conseqüências
duradouras: um só corpo com a “conhecida” e “geração de filhos”, frutos do
“conhecimento” real, existencial, entre um homem e uma mulher. O mal tornou-se
existente na vida do homem e da humanidade, a partir do momento em que ele, livre e
conscientemente, o praticou pela desobediência ou quebra da lei de Deus. Então a morte
decretada penalizou-o e nele a posteridade. A pena capital, imputada à humanidade na
pessoa de Adão, recaiu sobre o Filho de Deus que, incorporando todos os eleitos,
morreu em lugar deles e por eles. O sentido, porém, é mais profundo: Os eternamente
escolhidos morreram em Cristo Jesus e nele ressuscitaram para a vida eterna. No
Segundo Adão, o Filho de Deus, estão todos os predestinados à salvação, como todos
estávamos no primeiro Adão para a perdição. Adão derrubou-nos pela desobediência;
Cristo salva-nos para a obediência incondicional ao Pai e submissão irrestrita à lei.
A permanência da Lei.
XIX.2- Essa lei, depois da queda do homem, continuou a ser uma perfeita
regra de justiça. Como tal, foi por Deus entregue no monte Sinai em dez
mandamentos e escrita em duas tábuas; os primeiros quatro mandamentos ensinam
os nossos deveres para com Deus, e os seis, os nossos deveres para com o homem.
Ref.:
Mt 22. 37-40; Ex 20. 1-17.
Síntese.
A lei de Deus não foi nem pode ser revogada.
Ela nos comanda nos relacionamentos com Deus e com o próximo.
A Lei de Deus é perfeita e permanente
Deus é absolutamente perfeito e imutável. Suas ordenanças, procedendo de
mente perfeitíssima e dotada de imutabilidade, trazem as marcas do Supremo
Legislador: incorrigibilidade, irrevogabilidade e imutabilidade. Estas são as causas
primárias sobre as quais se assentam as consequências permanentes e gerais da ab-rogação (anulação),
do primeiro mandamento proibitivo: Dela [do fruto da árvore] não comerás;
comendo, morrerás ( cf Gn 2. 17 ). Adão matou-se pela desobediência, arrastando para
o fosso da morte todos os que dele procederam e procedem. Assim, a cominação penal
da lei quebrada continua irrevogavelmente vigente de geração em geração, pois todos os
seres humanos são pecadores. Ninguém pode quebrar impunemente uma lei divina. O
próprio Filho de Deus, embora sem pecado individual, veio para cumpri-la, não ab-rogá-
La (anulá-la). Ele nasceu de mulher, isto é, humano, e submisso à lei, quer dizer: sob o juízo
dos termos pactuais do pacto que Deus estabeleceu com o seu povo escolhido ( Cf Gl 4.
4 ).
A graça nos salva para a obediência
Em Cristo Jesus nasceu uma nova humanidade proveniente da velha, de natureza
adâmica, da qual herda a semente do pecado original, que a leva a pecados fatuais
constantes. Esses, que representam verdadeiras intromissões na nova criatura, causam-lhe
dissabores mas que, confessados a Deus, são por ele perdoados, se a confissão for
realmente sincera e partir de um eleito regenerado. Todos os redimidos, exatamente por
serem regenerados filhos de Deus, estão submissos às leis do Pai eterno. A graça, pois,
viabiliza a lei, não só em decorrência do rigoroso cumprimento no e do Homem
representativo, Jesus Cristo, mas da capacitação do redimido à submissão a Deus e às
suas ordenanças, bem como da eficácia do perdão divino aos confessantes, levados pelo
Espírito ao arrependimento real e sincero de seus delitos contra o Salvador. Somos
salvos por Cristo para uma vida de submissão e obediência, apesar de nossa
pecaminosidade. O amor de Deus, concedido a nós em e por Cristo Jesus, habilita-nos à
obediência que, quando não realizada, temos os recursos, concessões da graça, da
confissão, do perdão e da intercessão mediatária de Cristo ( I Jo 2. 2. 1,2 ). Cristo, pela
mote expiatória, eliminou a “ação mortal do pecado” sobre os redimidos, mas não
retirou dos salvos a propensão para a desobediência, a malignidade pecaminosa. Por
outro lado, deu aos seus servos regenerados o recurso da confissão e a bênção do
perdão. O Espírito Santo diagnostica o pecado do filho de Deus, e o leva ao
constrangimento e à tristeza. Este, pressionado internamente pelo sentimento de culpa,
confessa seus pecados, recebendo o perdão de Deus. Tal graça é privativa dos eleitos de
Deus em Cristo Jesus.
Leis Cerimoniais.
XIX.3- Além dessa lei, geralmente chamada lei moral, foi Deus servido dar ao
seu povo de Israel, considerando uma Igreja sob tutela, leis cerimoniais que contêm
diversas ordenanças típicas. Essas leis, que em parte se referem ao culto e prefiguram
Cristo, as suas graças, os seus atos, os seus sofrimentos e os seus benefícios1, e em
parte representam várias instruções de deveres morais2, estão todas ab-rogadas sob o

Novo Testamento3. Ref.:

(( AB-ROGAR, DERROGAR

A revogação pode ser total ou parcial.
A REVOGAÇÃO TOTAL é denominada de AB-ROGAÇÃO, enquanto a parcial é chamada de DERROGAÇÃO.

A ab-rogação fulmina por completo a eficácia da lei anterior.
A derrogação atinge apenas uma parte dela, subsistindo as disposições não alcançadas.
Na lição de Caio Mario da Silva Pereira, 'ab-rogada uma lei, desaparece e é inteiramente substituída pela lei rovogadora, ou simplesmente se anula, perdendo o vigor de norma jurídica, a partir do momento em que entra em vigor a que a ab-rogou. Derrogada, a lei não fenece, não sai de circulação jurídica, mas é amputada nas partes ou dispositivos atingidos, que apenas estes perdem a obrigatoriedade'." )).


1- Hb 10.1; Gl 4. 1-3; Cl 2. 17.
2- Lv 5. 1-6; Lv 6. 1-7.
3- Mc 7. 18,19; Gl 2. 4; Cl 2.17; Ef 2. 15,16.
Síntese.
As ordenanças cerimoniais, tipificavam ou simbolizavam o que se realizaria
definitivamente em Cristo Jesus.
As leis regulamentadoras dos comportamentos morais do velho povo de Deus.
Deus governa sua Igreja e os que estão nela pela lei do amor implantada nos
corações regenerados pelo Espírito Santo.
Tipologia Veterotestamentária
As leis litúrgicas ou rituais do Velho Testamento foram geradas, promulgadas e
executadas por Deus. Por elas o Redentor criou, organizou e colocou em funcionamento
o culto a ser-lhe prestado, sendo, por um lado, um sacrifício de livramento das sentenças
judiciais sobre os delitos preconizados pelo código moral sinaítico e, por outro, um
sistema riquíssimo de sinais, símbolos e tipos do que o Filho do Homem, Deus
encarnado, faria, livrando do domínio do pecado os eternamente escolhidos do Pai. No
cerimonialismo litúrgico do antigo Israel foram tipos de Cristo ou de sua obra: O
sacerdócio mediatário, especialmente o Sumo Sacerdote; o altar dos holocaustos; o
imaculado cordeiro substituto e seu sacrifício vicário; a transferência dos pecados
confessados para a vítima sacrificial; a exclusiva ação de Deus no provimento da
salvação do homem; o derramamento do sangue inocente ( entrega da vida ) em lugar
do pecador; o Santo dos Santos privativo do Sumo Sacerdote, posto a serviço dos
pecadores; a voz de Deus ouvida por meio do sacerdote. A estes protótipos,
acrescentam-se: A Páscoa; a circuncisão; o dia de descanso ( Sabath ). Tudo isto, sendo
sombras, tipos e símbolos, realizaram-se e se consumaram plenamente em Cristo Jesus:
Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas,
nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano
após ano, perpetuamente, eles oferecem ( Hb 10.1 cf com o cap 9 ). Porque tudo isso
tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém, o corpo é de Cristo ( Cl 2. 17 ).
O sábado definitivo, ou descanso da alma, realiza-se em Cristo Jesus, já na presente
vida, plenificando-se na existência vindoura.
Regulamentos morais
As leis morais derivadas, com as cabíveis cominações de penas, foram
proclamadas por Deus e dadas ao povo que elegera e separara para ser-lhe de
propriedade exclusiva. Sobre os seus eleitos, com os quais constituiu a nação santa,
exercia domínio real e soberania absoluta. Para cidadãos reduzidos a servos, e dentro do
contexto histórico e cultural daqueles tempos, Deus legislou com autoridade
inquestionável e irrecorrível ( Cf Lv 5. 1-6: Lv 6. 1-7 ). Foi essa legislação de
procedência divina, aplicada a seres humanos falíveis, que diferenciou Israel dos demais
povos: o povo de Deus governado por Deus.
A lei do amor
No Novo Testamento, estando a lei de Deus implantada nos corações pelo
Espírito Santo, o cumprimento não obedece a sistemas externos estereotipados, mas ao
imperativo da ética cristã escrita nas consciências regeneradas. Tudo que implica em
desamor a Deus e ao próximo é quebra da lei de Deus ( Cf Mt 22. 37-40 ). O regenerado
em Cristo Jesus não é coagido a guardar a lei como seus antepassados israelitas, mas
compungido por sua própria natureza renovada à obediência irrestrita e ao respeito
absoluto ao seu Senhor e Salvador. A ordem de comando de sua vida parte de seu
interior, produzida pelo Espírito Santo, que nele habita, também responsável pela
iluminação que o leva à compreensão e apreensão da Palavra de Deus, tanto quanto de
sua submissão a ela. O crente é dirigido pelo Espírito de Deus, intérprete de Cristo e
aplicador das determinações divinas por meio das Escrituras Sagradas.
Conteúdo teocrático da lei mosaica.
XIX.4- A esse mesmo povo, considerado como um corpo político, Deus deu leis
civis que terminaram com aquela nacionalidade, e que agora não obrigam além do
que exige a sua eqüidade geral. Ref.:
Mt 5. 38,39; I Co 9. 8-10: caps. 21 e 22 de Ex.
Síntese.
Deus estabeleceu um governo teocrático para o seu povo, em que todas as leis
possuíam conteúdo e efeitos civis e religiosos concomitantemente.
A Teocracia de Israel
Deus retirou o seu povo do Egito, dirigiu-o no Êxodo, preservou-lhe a identidade
política, deu-lhe um governo extremamente organizado por meio de normas legais, que
lhe regulavam a vida civil, política e religiosa. A autoridade central era o próprio Deus,
que exigia à sua augusta pessoa submissão, e respeito, acatamento e fidelidade e às suas
determinações, tanto para as ordenanças morais do relacionamento social quanto para
as regras litúrgicas do culto rigorosamente teolátrico. Israel jamais legislou para Javé,
este é que o fez, e com extremado zelo, para que os seus, externa ou internamente
escolhidos, fossem governados com eqüidade, justiça e ordem. Por outro lado, Deus
escolheu seus adoradores para que o adorassem em espírito e em verdade,
estabelecendo-lhes, com riquezas de detalhes, o modo, o como e o quando lhe
prestariam culto. Estas informações revestem-se de qualificadíssimo e importantíssimo
conteúdo teológico, pois nos indica o absoluto teocentrismo tanto do governo como da
liturgia de Israel: Deus escolheu e designou os seus adoradores, prescrevendo-lhes
também os modos e os meios de adoração; restando ao homem a obediência, o
acolhimento e a fidelidade. O Deus do antigo concerto é supremamente Rei, Legislador
e organizador do culto a ser-lhe prestado. Ele é que estabeleceu as regras, os
parâmetros, os meios e os instrumentos do culto, que desejava receber de seus
escolhidos. Conclusão: o Deus do Pacto é o que escolhe os adoradores e a maneira
como deve ser adorado; diferente dos deuses pagãos, que eram escolhidos, e a adoração
seguia normas humanas estabelecidas e praticadas pelos seus fiéis. No teocentrismo de
Israel, o rei, o sacerdote e o profeta templário eram “ungidos”, isto é, dotados de
autoridade messiânica, conforme o contexto do teocentrismo vigente. O palácio e o
templo integravam-se e se interagiam, pois o limite entre o religioso e o civil era
estreitíssimo, embora houvesse distância enorme entre o sagrado e o profano. As leis,
portanto, tanto as morais como as cerimoniais, aplicavam-se, indistintamente, a todos os
cidadãos, regulamentando-lhes o civismo, o patriotismo, a moralidade e a religiosidade,
especialmente no que concernia ao ritualismo sacro.
Hoje, os estados, especialmente os democráticos, são inteiramente laicos,
deixando o múnus espiritual para a religião com suas numerosas e divergentes seitas,
algumas delas ainda beneficiárias do poder público. O estado é um poder executivo,
legislativo, imperativo, governamental, social, coercitivo e punitivo. A Igreja é um
poder de natureza espiritual e moral, agindo por persuasão, influência, testemunho
cristão, pregação e ensino. Os conflitos éticos entre Igreja e Estado têm sido freqüentes,
o que é natural, pois um encarna o materialismo, outro, o espiritualismo.
A universalidade da Lei Moral.
XIX.5- A lei moral obriga para sempre a todos a prestar-lhe obediência, tanto
as pessoas justificadas como as outras, e isto não somente quanto à matéria nela
contida, mas também pelo respeito à autoridade de Deus, o Criador, que a deu1.
Cristo, no Evangelho, não desfaz de modo algum esta obrigação, antes a confirma2.
Ref.:
1- Rm 13. 8,9; I Jo 2. 3,4,7; Rm 3. 31; Rm 6. 15.
2- Mt 5. 18,19; Tg 2. 8.
Síntese
O comportamento preconizado na legislação e a autoridade do Legislador
exigem obediência irrestrita e respeito incondicional.
Cristo confirma e cumpre a lei.
A lei e o Legislador
A autoridade da lei decorre da autoridade do Legislador, que é sempre superior
àquilo que ordena ao homem pecador. No universo jurídico humano, o autor da lei
submete-se ao objeto de sua autoria como cidadão entre os seus pares. Deus não
legislou para si mesmo, mas para os seus escolhidos. Deus em si mesmo é perfeito, não
precisando de regulamentos ou normas para, segundo os quais, atuar e ter os seus feitos
ajuizados conforme princípios legais preestabelecidos. Deus não é dirigido nem
disciplinado por meio de parâmetros legais externos. Ele é soberano para interromper,
dependendo de seus propósitos, qualquer lei ou regra, tanto na ordem natural como na
social. Quando isso acontece, temos o milagre, inexplicável à luz da lógica empírica e
das leis naturais.
Deus se vale da lei para julgar-nos, estabelecendo a justiça de nossas obras e a
correção de nossos atos. O decálogo permanece atual, como atual tem sido o seu
Legislador. Os preceitos: Não matarás, não furtarás, não cobiçarás, entre outros, são
universais, pois válidos para todos os indivíduos e povos de todos os tempos, culturas e
raças.
Cristo e a lei
Cristo, como verdadeiro homem, esteve submisso à lei de Deus, cumpriu-a fiel e
rigorosamente, deixando para nós a sapientíssima e autoritativa sentença: Até que o céu
e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei ( Cf Mt 5.18 ). A lei, para o
servo do Cordeiro, tem o papel de indicar o pecado, para que o crente o confesse e
obtenha o perdão em Cristo Jesus. A consciência de que somos desobedientes é
suscitada ou despertada pela lei de Deus que, aplicada em nós pelo Espírito Santo,
convence-nos do pecado, da justiça e do juízo. Sem lei, não saberíamos exatamente o
que é pecado, nem Cristo teria morrido por nós, pois sua morte aconteceu por causa de
sua fidelidade em nosso lugar. Pelo Filho de Deus e nele a lei cumpriu-se
rigorosamente, possibilitando a justificação de todos os que nele estão.
Israel, nos tempos da soberania nacional, quando a lei e o culto funcionavam
normalmente, era hierocêntrico, isto é, tinha no templo o polo centralizador da unidade
teocrática nacional. O Monte Sião funcionava como centro convergente dinamizador da
vida social, política e religiosa do povo de Deus. A Casa de Deus ( espaço sagrado )
abrigava ao altar, a tribuna, o fórum e o trono. Nela pulsava o coração de Israel e por ela
atuava a mão de Deus por intermédio de seus ungidos. Com a perda da nacionalidade, e
estando os israelitas dispersos, o poder centrípeto transferiu-se para a lei, que passou a
atuar sozinha, sem o auxílio complementar do trono e do altar, dando origem à
nomocentria e à nomolatria. No fundamentalismo sinaítico, o importante não era o
homem perante Deus, mas diante da lei, como se a divindade não pudesse atuar senão
por um único meio, o código mosaico. Dentro do legalismo geral estava o sabatismo
exacerbado, base condenatória de muitos atos divinos, livres e humanos do Filho de
Deus.
Com o advento de Cristo, reformulador da lei ( cf Sermão da Montanha – Mt 5 a
7 ), o novo Israel, a Igreja, tornou-se cristocêntrico. Centralizando-se em uma pessoa
real, humana e divinamente perfeita, possibilitou a fundamentação do sacratíssimo
princípio: o importante é o homem diante de Cristo, não o legalista perante a lei com
seus impraticáveis estereótipos morais e religiosos. Relacionamo-nos com Deus por
intermédio de Cristo. Entre nós e o Pai celeste está o Filho sem a interposição fria,
acusadora e condenadora da lei. Do Salvador o crente pode ouvir: Quem crer será salvo
( Jo 3. 15 cf Mc 16. 16 ), e não quem guarda a lei. A nossa lei é Cristo, a pessoa em
quem estamos, de quem recebemos a vida e a maneira de vivê-la corretamente nele.
A Lei condena; Cristo resgata.
XIX.6- Embora os verdadeiros crentes não estejam sob a lei como um pacto de
obras, para serem por ela justificados ou condenados1, contudo ela serve de grande
proveito, tanto a eles como aos demais. Como regra de vida, ela lhes informa da
vontade de Deus e do dever que eles têm; ela os dirige e os obriga a andar segundo a
retidão2; descobre-lhes também as pecaminosas poluções da sua natureza, dos seus
corações e das suas vidas3, de maneira que eles, examinando-se por meio dela,
alcançam mais profundas convicções do pecado, maior humilhação por causa deles e
maior aversão a eles4, e ao mesmo tempo lhes dá uma melhor apreciação da
necessidade que têm de Cristo e da perfeição da obediência a ele5. Ela é também de
utilidade aos regenerados, a fim de conter a sua corrupção, pois proíbe o pecado6; as
suas ameaças servem para mostrar o que merecem os seus pecados e quais as aflições
que por causa deles devem esperar nesta vida, ainda que sejam livres da maldição
ameaçada da lei7. Do mesmo modo as suas promessas mostram que Deus aprova a
obediência deles e que bênção podem esperar, obedecendo8, ainda que essas bênçãos
não lhes sejam devidas pela lei considerada como pacto das obras – assim o fazer um
homem o bem ou o evitar ele o mal, porque a lei anima aquilo e proíbe isto, não é
prova de estar ele debaixo da lei e não debaixo da graça9. Ref.:
1- Rm 6.14; Gl 4. 4,5; At 13. 39.
2- Rm 7. 12; Sl 119. 5; Gl 5. 14,28,22,23; I Co 7. 19.
3- Rm 7.7; Rm 3.20;.
4- Rm 7. 9,14,24;.
5- Gl 3. 24; Rm 8.3,4; Rm 7. 24,25.
6- Tg 2. 11; Sl 119. 128.
7- Ed 9. 13,14; Sl 89. 30-34.
8- Sl 36. 11; Sl 19. 11; Ef 6. 2; Mt 5. 5;
9- Rm 6. 12,14; Hb 12. 28,29; I Pe4 3. 8-12.
Síntese.
A lei é um código da graça, não um código penal.
O eleito é regenerado para guardar a lei, escrita no seu interior e
constantemente reavivada pelo Espírito Santo. O Pai gravou a lei em
tábuas de pedra; o Filho transportou-a para os corações redimidos.
A Lei é um código da graça
Há uma considerável ala do cristianismo que contrasta a lei com a graça e, em
conseqüência, classifica o Deus do Velho Testamento como o da justiça pura, sem
perdão e sem amor; em oposição ao Deus do Novo Testamento encarnado em Jesus
Cristo, como sendo ágape genuíno e imaculado, disposto a perdoar sempre e nunca
condenar. Neste caso, ou Cristo é um Deus diferente ou a divindade veterotestamentária
mudou. A primeira hipótese destrói a Trindade; a segunda, elimina a imutabilidade. O
Deus da criação é o mesmo da redenção: indissoluvelmente trino. A lei foi concedida ao
povo que Javé libertou da escravidão egípcia com mão forte e braço estendido, de
maneira misericordiosa. Constituído em nação santa, de propriedade exclusiva do
Libertador, este outorgou-lhe um código de princípios normativos para o
relacionamento adequado com o Soberano Senhor e com os concidadãos ou
compatriotas, bem como as regras litúrgicas do culto devido somente a Ele. Só os
judeus possuíam a bênção da “lei de Deus,” uma divina graça, exclusiva dos eleitos. A
lei foi dada aos salvos da escravidão, jamais para salvá-los. Foram libertos sem lei pelo
exclusivo e inefável amor de Deus. As normas comportamentais e litúrgicas vieram
depois, para que o Pai amoroso pudesse comandar o seu povo, e este obedecê-lo
corretamente. A lei foi uma dádiva do Salvador aos seus servos, libertos das garras de
Faraó.
Deus é amor perfeito, mas é também justiça plena, tanto no Velho como no
Novo Testamentos.
Eleitos e salvos para obedecer
Não somos salvos pela lei, que nunca foi posta como meio de salvação, mas pela
graça em Cristo Jesus. A redenção habilita-nos ao cumprimento do que o Salvador
preceitua na sua lei. Primeiro, Deus salva; depois, exige obediência incondicional dos
salvos. A lei, portanto, é para os redimidos, não para redimi-los. A Igreja, povo de
Cristo, chamada das trevas para a sua maravilhosa luz, submete-se à lei, isto é, à
vontade de Deus expressa em sua Palavra. Ela aponta o que devemos fazer e o que
precisamos evitar.
No Velho Testamento, a lei condenava, indicando o delito cometido ( Rm 7. 7 ),
mas a oferta de uma vida animal em holocausto, depois de o ofertante ter confessado
seus pecados sobre ela, trazia o perdão do pecador por transferência da culpa e
substituição da vítima real, o pecador, que deveria morrer para cumprir a sentença
divina: Quem pecar, morrerá. Portanto, a lei apenas condenava; o sacrifício expiatório
isentava o culpado da culpa pecaminosa. Nem na velha dispensação a lei tinha múnus
salvador, função exercida tipologicamente pelos sacrifícios expiatórios, que foram
sumariados e consumados no sacrifício único do Cordeiro. Cristo cumpriu a lei,
morrendo, embora sem pecado pessoal, por nossas culpas. A graça nos beneficia porque
a nossa maldição, imputada a nós pela a lei de Deus ab-rogada, quando pacto de obras,
recaiu pesadamente sobre o nosso substituto no Calvário, Cristo Jesus. Não foi de graça
para Cristo o que é de graça para os escolhidos. É inadequado e até injusto dividir a
atuação redentora de Deus em pactos antitéticos e até opostos: o da lei e o da graça. Há
um só pacto, com modos diferentes de execução, o da redenção ou da graça. Deus
operou graciosamente em todas as suas formulações pactuais a favor do pecador, jamais
contra ele.
O crente guarda a lei por compulsão natural, por ter sido implantata em sua
essência a semente da obediência, em virtude de sua natureza de filho de Deus por
regeneração e adoção.